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Inovação ou Jogada de Marketing?


      Novo CD Radiohead: pague quanto quiser, se quiser ou até mesmo se puder

    

     As vendas do novo álbum (In Rainbows) do cultuado grupo Britânico Radiohead vêm gerando polêmicas e rendendo calorosas discussões devido à forma atípica de como as faixas disponibilizadas para os downloads do seu lançamento foram comercializadas. Muitos a consideraram uma belíssima estratégia de marketing; outros acharam algo invoador: uma ação inovadora contra a pirataria.

     "Quanto você vai pagar?" Durante dias esta pergunta martelou a mente dos fãs da banda de Oxford. Debates e até desentendimentos aconteceram entre pessoas que saíam para almoçar juntas ou, simplesmente, para bater papo nos bares das grandes cidades da Europa e dos Estados Unidos.

     O Radiohead está lançando seu novo trabalho de forma independente, ou seja, não mais sob a tutela da tradicional gravadora EMI. Com essa autonomia, eles resolveram inovar e ver até onde o apelo de suas músicas e seu carisma podem levá-los. O CD é vendido em formato físico e em um box contendo, além do novo álbum em CD, um disco duplo de vinil e um CD multimídia com sete faixas adicionais. Além disso, o box contém fotos, arte e letras e custa aproximadamente 40 libras (cerca de 240,00 reais). Hoje, donos da sua própria autonomia, o Radiohead fica diretamente com as receitas.

    Opiniões incisivas como a da fã norte-americana Sarah Fields, que trabalha no marketing digital de um selo fonográfico, e decidiu, por ela própria, pagar US$ 9 são freqüentes. "O Radiohead é minha banda favorita desde que eu tinha 13 anos", disse Sarah, de 26 anos. "Sinto-me honrada e com uma espécie de dever para com eles."

                 Opiniões bem distintas apimentam a discussão

     Entretanto, outros com posições bem antagônicas já declararam que isso é uma espécie de prostituição fonográfica. “É fácil e barato de sinalizar a grande pessoa que você é, pagando US$ 5 por um download", declarou o professor universitário inglês Paul Loewenstein. "Mas suponha que existam 50 álbuns que você deseje adquir e cada um deles esteja lhe pedindo, "Quanto você quer pagar?" Aí fica muito complicado sinalizar para você mesmo o quanto você é honesto, verdadeiro e quanto respeita o trabalho de um artista por tanto esforço que ele dedicou por aquele trabalho.

     Já Nathan Kaufman, de 25 anos, também megafã do Radiohead, dicorda plenamente. "Fiquei fissurado com eles desde o começo." No passado, pôsteres do Radiohead forravam as paredes do meu dormitório na universidade, e eu possuo os 6 álbuns da bandas. E, claro, que vou comprar este".

     Loewenstein, cuja especialidade é economia comportamental, avaliou a relação entre emoções e tomada de decisões financeiras: "É quase como sustentar uma equipe esportiva ou um candidato político. Você está vendendo ao mundo o quanto gosta deles pelo tanto que você paga." E, mais importante: "o tanto que você está disposto a pagar sinaliza para você mesmo quem você é: Um explorador? Um pão-duro?"

     Por outro lado, Sarah Lewitinn, de 27 anos, co-fundadora do selo de gravação Stolen Transmission, ficou dividida: "O fã mesmo quer pagar US$ 80, mas a pessoa que tem suas despesas para pagar, quer pagar US$ 8", disse Lewitinn, uma devota de Thom York e Cia. Desde o primeiro dia, quando essa banda britânica de rock anunciou que faria um lançamento independente de seu primeiro álbum de estúdio desde 2003, no site http://www.radiohead.com/deadairspace/ e que as canções estariam disponíveis conforme a vontade do interessado, o resultado foi um grande reboliço.

     Com isso, formou-se uma onda de interesse entre fãs e observadores do setor On line e em lojas de discos, clubes, bares e escritórios de selos de gravadoras e de relações públicas. O anúncio deu "pano pra manga". Foram calorosamente debatidos temas como o que fazer com o compartilhamento ilegal de canções e o declínio do negócio de música, incitado por uma das bandas de rock mais respeitadas do mundo.

      O consenso on line e na mídia pareceu ser que a manobra da banda era um momento de mudança nas diretrizes do setor da Indústria da música ou, como disse um crítico musical de um famoso site Europeu : "Essa é a coisa mais bacana que uma banda de rock já fez.", comenta entusiasmadamente. De fato, a jogada do Radiohead é tanto uma maneira nova de distribuir discos como também um experimento sobre o comportamento do consumidor e o custo socialmente aceito da arte.

      Acrescentou ainda: Cada valor a ser pago é uma decisão totalmente livre a ser tomada pelos consumidores de acordo com a lealdade dos fãs dentro do o cenário atual do rock, que tem valorizado essa independência e a decisão de se comprar sem samplear ou roubar música nova. Acho que pode ser uma jogada brilhante”. Na minha opinião, como os cds estão se tornando um produto obsoleto, sua função se tornou uma espécie de cartão-de-visitas para atrair público para comprar ingressos e assistir aos shows e, assim, gerarem lucro e renda para os artistas. Parece que a estratégia estã dando certo! O Radiohead atingiu, recentemente, o 1º lugar das Paradas Britânicas.

     Mesmo tendo esta história toda começada bem longe, parece que a onda já está pegando por aqui. No show de encerramento do Festival Humaitá Pra Peixe, no final de janeiro, o esquema para assistir aos shows das Bandas Brasov e Canastra rolou neste formato de pague quanto quiser. E você, o que acha disso? Deixe aqui sua opinião e comente com os amigos. Mas, por favor, sem stress!

Links:

http://www.cadhucardoso.com/index.php?pg=public&list=1&id=50     

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u361242.shtml

http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL242334-7085,00.htmlhttp://www.radiohead.com/deadairspace/

http://www.radiohead.com/deadairspace/


Fotos: Divulgação

Foto(s) relacionada(s):   Radiohead - In Rainbows    


Classificação: Ótimo


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