Cadhu Cardoso

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Grande festa do Rock nacional no Canecão

       A famosa casa de Botafogo foi palco de uma noite festiva e empolgante, nesta última quarta-feira. Biquini Cavadão e Nenhum de Nós mostraram que o rock made in Brazil ainda tem muito fôlego e atrai muita gente, das mais variadas idades.

      Rodando pelo país para o lançamento do CD/DVD “A céu aberto”, gravado ao vivo em Porto Alegre e com um repertório que reúne músicas dos 20 anos de carreira, o grupo gaúcho foi convidado pelo vocalista do Biquini Cavadão (Bruno Gouveia) para fazer uma show no Rio de Janeiro, cidade natal do Biquini, onde as duas bandas pudessem dividir a noite com suas apresentações e, ao final, tocassem juntos.

      O convite foi prontamente aceito. O Nenhum de Nós subiu primeiro ao palco, abriu com “Dança do Tempo” e começou a perfilar seus grandes sucessos como “Camila Camila” de 1988 incendiando a platéia que já estava presente e que foi aumentando substancialmente até o começo do show seguinte.

     Vários fãs faziam questão de vestir a camisa dos times populares do Rio Grande, como forma de prestigiar os músicos gaúchos. Era possível notar também detalhes interessantes. Um deles foi o fato de se ver jovens, na faixa dos 18 anos, cantarem, do início ao fim, músicas bem antigas e outras não tão famosas. “Julho de 83” foi uma destas canções.

     “Diga a ela”, de 92, é uma espécie de reposta dada à mídia quando deixaram de estar no foco dos jornais, revistas, rádios e tvs, fato que não impediu que se mantivessem firmes na carreira, principalmente pelo apoio recebido por aqueles que apreciavam o trabalho da banda.

     Como retribuição, esforçaram-se bastante para fazer ao vivo os arranjos de canções belíssimas de estúdio, como “Sobre o Tempo” e mostraram as músicas inéditas “Santa Felicidade” e “Desejo” do álbum que lançarão daqui a 15 dias. Ao final, o sexteto fechou com a famosa “Astronautas de Mármore”, versão do clássico “Starman”, de David Bowie, que varreu o país no final da década de 80.

     Voltaram para um Bis e tocaram “Toda forma de amor”, de Lulu Santos. Thedy Correa garantiu voltar em breve com a banda ao Rio e aqueceu ainda mais o público para o show do Biquini Cavadão.

    Aproximadamente às onze da noite, o grupo carioca subiu ao palco. Tocando na sua cidade natal, eles entraram com todo o pique e sacudiram os fãs que os aguardavam ansiosamente com “Cartas aos Missionários” do disco de 2001 gravado em homenagem ao Rock nacional.

    Os primeiros sucessos de 85, como “Tédio”, em que o vocalista Bruno brincou dizendo ao público que não aceitasse imitações (referência à versão feita pelo pessoal do Funk, com “Adultéreo”), não podiam ficar de fora. Nem esta e nem “Timidez”, que para comprovar que o nome é só título de música, deixou as fãs tão entusiasmadas que uma delas se aproximou do palco e tascou um baita beijo no líder da banda.

    Fruto de uma carreira de 22 anos, muita experiência de palco e conhecendo bem aqueles para quem se apresentavam, os integrantes da banda superaram certos problemas de acústica e conseguiram transformar o show em um grande baile com direito a sucessos dos Paralamas, Cidade Negra, Tijuana e apresentar as canções do novo cd “Só quem sonha acordado vê o Sol nascer”.

    A longa carreira consolidada foi capaz de momentos tocantes. “Quanto tempo demora um mês” começou a ser entoada pelos fãs fiéis antes mesmo do seu começo. “Janaína”, “Impossível” e “Vento Ventania” deixaram o clima, que já era bom, ainda mais descontraído e animado. Melhor do que isso, só mesmo com os dois grupos juntos no palco.

     E foi o que aconteceu. Primeiro relembraram “Tempo Perdido”, clássico da Legião Urbana, “Camila Camila” (cantada por ambos os conjuntos) e “Zé ninguém” do Biquini Cavadão que fechou a noite a pedidos. Depois de uma recepção calorosa deste porte, os músicos, visivelmente emocionados, se despediram e viram o quanto satisfatório é olhar para trás e ver que, apesar das dificuldades, o esforço valeu a pena.

          Fotos por Álvaro Riveros
www.uol.com.br/almanaquevirtual


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