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A genialidade vinda do morro





Cartola foi um dos maiores compositores e letristas de todos os tempos na nossa música. Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola, nasceu em 11 de outubro de 1908 no Rio de Janeiro e faleceu em 30 de novembro de 1980.

Ele foi um dos sambistas que compuseram a velha guarda da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Foi dele a escolha do nome Estação Primeira de Mangueira e das cores adotadas pela tradicional Escola de samba. Reza a lenda que o verde e rosa tenham surgido como uma homenagem ao seu time do coração, Fluminense, de onde ele criou a combinação mais sóbria das cores do time tricolor (grená, verde escuro e branco).
     
Sozinho, ou junto a parceiros, o sambista compôs mais de 500 quinhentas canções, entre elas obras-primas como "As Rosas Não Falam", "Alvorada" e "O Sol Nascerá". Uma característica marcante nas músicas de Cartola é o fato de elas serem musicalmente muito bem elaboradas e terem uma carga poética muito forte e profunda.
     
A música "O Mundo é um Moinho", por exemplo, foi escrita como um alerta para que sua filha que não enveredasse pelo mundo tortuoso e obscuro da vida para o qual estava se encaminhando.
Diretor de harmonia e, um dos compositores da Escola, dedicou a essa função boa parte de sua vida. Seus sambas foram gravados por muitos cantores da década de 30. Em 1939, chegou a viajar para os Estados Unidos a fim de gravar com o músico Leopold Stokowski.
     
Quarto dos sete filhos de Sebastião Joaquim de Oliveira e Aída Gomes de Oliveira. Com apenas 8 anos, Cartola começou a se envolver e se interessar por Carnaval, logo que se mudou com seus pais e irmãos para o Morro da Mangueira e deixou o bairro do Catete onde nasceu.
Embora tenha estudado somente até o primário e tenha largado a escola, por causa dos problemas financeiros de sua família, conseguia empregar em suas letras uma riqueza de belas poesias. Até ter o seu talento descoberto, trabalhou e ganhou a vida como pintor de paredes, pedreiro, lavador de carros, vigia de prédio e contínuo de repartição pública.
                                             
                                   De volta à sua Escola de Samba querida

Foi ainda trabalhando como pedreiro que recebeu o apelido, "Cartola". Toda vez que trabalhava usando cimento, sujava sempre seus cabelos, o que o aborrecia bastante pois ele era muito vaidoso. Passou, então, a usar um chapéu. Assim, seus cabelos ficavam protegidos do cimento. Seus amigos então o apelidaram de Cartola. Este importante detalhe ficou ausente no belo filme em sua homenagem.

Embora figura marcante na história da Escola, Cartola por diversas vezes teve divergências com a direção, chegando inclusive a não desfilar nos Carnavais de 1949 e 1977. Argumentou que sua decisão foi tomada porque os diretores da Escola haviam-na transformado num reduto eleitoreiro e tinham se esquecido da magia do samba e do Carnaval. Cartola, então, se afastou da Mangueira e foi morar na Baixada Fluminense.

Ficou viúvo e contraiu meningite. Dpois de curado e, por volta dos anos 50, o jornalista Sérgio Porto (Stanislau Ponte-Preta) o encontra lavando carros e trabalhando em um posto de gasolina em Ipanema, durante a madrugada. Fica perplexo e o relança como cantor e compositor.

Na sua volta à casa de origem (Mangueira) em 1952, começa a namorar a também viúva dona Euzébia Silva do Nascimento, a famosa Dona Zica, irmã da mulher do compadre Carlos Cachaça. Dona Zica e Cartola tinham crescido juntos e haviam se conhecido nos desfiles dos blocos carnavalescos de rua. Cartola era dos "Arrepiados" e Dona Zica era do "Bloco do Seu Júlio". Cartola e Dona Zica se casaram em 1964, depois de onze anos juntos. E foi ao seu lado que cartola compôs os clássicos "As Rosas não Falam", "Tive Sim" e "O sol Nascerá" (parceria com Elton Medeiros e gravada na voz de Nara Leão).

Muitas foram as homenagens póstumas dedicadas a este mestre, desde a própria Beth Carvalho até Chico Buarque e Ney Matogrosso. Até mesmo o rebelde Cazuza, que se chamava Agenor Araújo de Miranda Neto, e só começou a aceitar o seu nome após saber que era homônimo do compositor mangueirense, fez questão de gravar algumas de suas canções. Cartola ficou para a história e mostrou que Morro é muito mais do que uma simples área de bala perdida.


Visitem: http://www.cartola.org.br/     



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Classificação: Excelente


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