PUBLICAÇÕES

Velhos músicos mostram em seus shows no HPP que talento não tem idade


     
O flautista Bebeto Castilho e o hoje cantor Wilson das Neves são, musicalmente, como vinho: quanto mais o tempo passa, maior é a contribuição que dão para a música. Bebeto, por exemplo, em seu show no domingo (25/01) na Sala Baden Powell, dentro do festival Humaitá Pra Peixe, relembrou sucessos de Ataulfo Alves, como “Fidelidade” e músicas de sua própria autoria.

A bela “Gazela” e “Tristeza de nós dois”, esta composta em parceria com uma amigo que, em pleno verão, lamentava o fim de um namoro, cativaram o público. Castilho passava na época pela mesma situação. Este detalhe fez a dupla se inspirar ainda mais para a letra da canção. A ex de seu amigo era também a irmã da sua ex namorada. A dor de cotovelo era de ambos, sinalizou o músico.

Durante uma hora, Castlho cantou as canções e contou para os espectadores a história das músicas do repertório apresentado. “Batida Diferente”, uma das várias músicas de Durval Ferreira, foi uma destas e fechou sua apresentação. O tio-avô de Marcelo Camelo, do grupo Los Hermanos, relatou que a origem do título da canção foi fruto de um pedido que ouviu de um cliente em um bar para um garçom. “Quando ele pediu para ser servido com uma batida diferente, Durval bradou: Este é o nome que eu procurava”. Coincidentemente, esta é a música de Durval mais lembrada até hoje.

             Wilson das Neves faz um show descontraído no HPP

   
O dono da expressão “Ô Sorte”, um renomado baterista que já acompanhou Elis Regina e hoje é também cantor, começou seu show com força total. Iniciou sua apresentação com o clássico “O Samba é meu Dom” e fez questão de ressaltar: “Sou um baterista que se tornou cantor e não um cantor que foi baterista”.

Em seguida, ele e sua banda mostraram “Estava faltando você” de Dona Ivone Lara e seu parceiro musical Délcio Carvalho. Wilson, do alto de seus 72 anos, brincou: “Se não estão gostando do show, eu ralo peito. Afinal, moro perto e não tem problema em ir embora”. Mas foi só historinha. O público curtia e participava ativamente. Suas belas netas, presentes na platéia, e todos os demais o acompanharam, em coro, em “Coração Leviano” de Paulinho da Viola, a quem se referiu como um patrimônio de nossa música.

Wilson deleitou a platéia com histórias sobre os problemas que o passar dos anos acarretam, arrancando risos. Ele encantou o público com a sublime “Trajetória” (de Nelson Rufino e dele) e com “Os Papéis”, também dele em parceria com o saudoso Luís Carlos da Vila. Seu parceiro de longa data, Cláudio Jorge, foi por ele saudado e ganhou até um beijo na testa.

Ao final, ele e seus bons músicos levaram canções de sua autoria, de Chico Buarque e de Almir Blanc. Óbvio que a sua amada Escola de Samba, Império Serrano, não ficou de fora. O inesquecível samba “Aquarela Brasileira”, do Carnaval de 1964, relembrado no Desfile da Império de 2004, do qual participei com muito gosto, foi lembrada e consolidou uma noite pra lá de alto astral.

Link do show: http://2009.humaitaprapeixe.com.br/index.php

Fotos: Otaner/Produção do Humaitá Pra Peixe


Foto(s) relacionada(s):   Veteranos esbanjam talento no HPP    


Classificação: Bom


Deixe aqui seu comentário   -   Recomende este artigo!





« Voltar