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Madonna é mesmo Pop?





Por: Leonardo Sales

O imaginário cultural da década de 80 não teria sido o mesmo sem aquela garota de visual punk e voz açucarada. Em uma época onde a cena musical era ainda invadida por temas politizados, Madonna resgata a sonoridade da disco e black music, em seu primeiro disco (The First álbum), falando de paixões e frustações amorosas, como "Boderline" e "Holiday".

Em 1984 o mundo pop é presenteado com uma noiva sensual que saía de dentro de um bolo no MTV Video Music Awards, cantando "Like a Virgem", que seria o disco mais vendido por uma cantora em todos os tempos. Dois anos depois, já com uma legião de fans conquistada em todo o mundo, Madonna estréia no cinema e lança seu terceiro álbum, True Blue. Revelando aspectos de sua conturbada vida pessoal, o disco nos brindou com "Papa don"t preach", "Live to tell" e "La isla bonita".

Em 1989, muitos se perguntavam se Madonna estaria se retratando, deixando de lado sua ousadia. Mas o clipe da faixa título de "Like a prayer" calou as dúvidas da mídia e deixou a Igreja católica boquiaberta. Morena, com influências Rock, emplaca os hits "Cherish", "Spanish eyes" e "Love Song".                                   
                                   
Entrando nos anos 90, ela se aventura mais uma vez pela sétima arte: o filme "Dick Tracy", com Madonna no elenco, revela o sucesso "Vogue". Em 1992 o lançamento de "Erótica" e do livro "Sex" causam tormenta em todo o mundo, estarrecido com a enxurrada de temas polêmicos que permearam esta fase de sua carreira.

Muitos poderiam dizer que seria o fim da carreira de Madonna, que em 1994 se enveredava por novos horizontes artísticos. Após um cansativo processo de criação e troca de produtores, "Bedtime stories" nos traz uma lady romântica e intimista ("Take a bow") bebendo da onda R&B que dominava à época, mas com muitos elementos do jazz e do hip hop. É o que nos mostra "Human Nature" e "Don"t Stop".

Após o período de profundas mudanças em sua vida pessoal, como o nascimento de sua filha Lourdes Maria (com seu personal trainner, Carlos Leon), sua conversão à cabala e Globo de Ouro de melhor atriz por "Evita", Madonna se lança no universo da música eletrônica experimental. Com letras sérias, místicas e embaladas em suaves acordes de violão, o cultuado "Ray of lights" é lançado em 1998 e saudado como um dos melhores álbuns de sua carreira.

O experimentalismo do melhor álbum do ano no MTV Europe Music Awards 98, nos releva que Madonna amadureceu artisticamente e reflete sobre as relações do indivíduo com a materialidade e superficialidade das coisas. O clima introspectivo, mas cosmopolita pode ser sentido em "Ray of Lights", "Frozen", "Drowned World" e "The power of Good-bye", sucessos que reinaram absolutos nas paradas musicais do fim do século XX.

                                                 A música está no sangue

Na virada do milênio, Madonna ignora as profecias que corriam à época. Com um chapéu de cowboy, ela brinda a nova era com "Music". Criticando a futilidade norte-americana e a política de George W. Bush, "American life" de 2003 não é bem recebido pela crítica e pelo grande público, amargando fracasso de vendas.

Em 2005 Madonna mostra que a matéria básica de seu DNA é mesmo a dança. "Confessions on a dance floor" nos convida a se jogar na pista de dança embalados pelo retorno à era disco repaginada por samples ultramodernos, derivados da house music. O produtor da onda é Stuart Price e o sucesso de "Hung up", "Sorry", "Get Together" e "Jump" falam por si nesta compilação antológica e considerada por muitos a grande obra-prima de sua carreira.

Faltando pouco mais de dois meses para seu retorno a solo brasileiro, a invejável cinquentona Madonna promete trazer muitas delícias em sua cartola, já degustadas pelos fans em vídeos do You tube. Nesta produção ela não poderia deixar de se aliar ao que acontece de mais baladado na música mundial. Co-produzido por Justin Timberlake, Thimbland e Pharrell, "Hard Candy" já está dando o que falar com "Give 2 me", "She"s not me", "Incredible"e o primeiro single, "4 minutes

Assim, o rótulo ou a coroa de rainha do pop até pode cair-lhe bem como um efeito que em muito reflete a grandiosidade de sua carreira, mas na verdade, Madonna, vanguardista e underground, sempre soube que seu lugar eram as pistas de dança dos lugares mais antenados, de onde, provavelmente, surgirão as tendências que vão ditar os rumos da música dos próximos anos.

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