ENTREVISTAS
VÃO TER SORTE ASSIM LÁ NA CHINA! O estudante universitário Rafael Mazurek e sua mãe Ana Maria Mazurek realmente não viram o ano de 2007 passar em branco. No último mês de agosto, os dois foram sorteados pelo Jornal O Globo para irem à China, terra do Lendário líder político, Mao Tsé Tung, com tudo pago e dinheiro na mão, ofertado pelo próprio jornal. Isso aconteceu de uma forma surreal. SENSACIONAL! Tiveram a chance de conhecer um país de cultura e habitos tao diferentes dos habitos ocidentais e com uma temperatura que varia de 40 graus, no verão, a zero grau, no inverno. Os chineses vêm assobrando o mundo com a forca de sua economia que, em breve, deve ultrapssar a da Alemanha e se tornar a 3ª maior economia mundial. Abaixo, Rafael Mazurek conta um pouco desta fantástica viagem e de que forma ela se realizou. Rafael Mazurek Chegar até Pequim foi um trabalho de parceria. Minha mãe é assinante do Globo e ficamos sabendo da promoção “Sabores do Mundo” pelo próprio jornal. A cada fim de semana saía um fascículo sobre a culinária de um país no caderno “Revista”, que sai aos domingos, e um cupom para concorrer a uma viagem de sete dias para esse país. Falei para a minha mãe que iríamos viajar e que como eram 12 países e a promoção restrita ao estado do Rio, era fácil de ganhar. Ela não levou muita fé, mas achou que tentar não custava nada. Tínhamos que recortar quatro selos que estavam espalhados entre as páginas da Revista e colar no cupom que formava a imagem de um ponto turístico do país daquele domingo. Depois, tínhamos que preencher o cupom e depositar na urna que ficava na loja dos classificados do Globo aqui perto de casa. Inicialmente preenchíamos o nosso cupom, mas depois resolvermos ir até a lixeira do prédio e catar os jornais dos vizinhos que não haviam participado da promoção, tudo para aumentar a nossa chance. Minha mãe sempre depositava na urna, eu procurava no lixo e alternávamos no preenchimento dos cupoms. Cadhu Cardoso: Primeiramente, o que passou pela cabeça de vocês quando receberam a notícia da premiação? Rafael Mazurek: Quando recebi a notícia, estava pegando a barca em Niterói para voltar para casa. Alguém do Globo ligou para minha casa me procurando, minha avó atendeu o telefone, disse que eu não estava e acabou achando que era para vender assinatura de revistas. Minha mãe me ligou relatando o episódio, então pedi para ela acessar o site: http://oglobo.globo.com/promocoes/sabores/default.asp . Minutos depois ela me retornou a ligação, rindo muito e dizendo que tínhamos ganho a viagem á China. Primeiramente fiquei estático, achei que não era verdade, depois a ficha caiu e fiquei imaginando como seria essa aventura. Cadhu Cardoso: Vocês Tiveram algum tipo de receio por estarem em uma civilização e cultura totalmente diferentes da nossa? Rafael Mazurek: Os hábitos deles são bem diferentes, mas não tive receio não. Cadhu Cardoso: Atemorizaram-se com a barreira da língua ou pensaram que com um bom inglês poderiam se comunicar com facilidade? Rafael Mazurek: Antes de viajar achávamos que com um bom inglês ia ser moleza. Achava que por causa das olimpíadas eles estariam bem preparados para receber turistas. De fato, o metrô tem sinalização em inglês e os restaurantes mais arrumados e turísticos possuem menu em inglês. Porém, a realidade das ruas é outra, o metrô não encobre os principais pontos da cidade e os taxistas são incomunicáveis, os chineses se esforçam para se comunicar, são muito simpáticos se você consegue dizer algumas palavras na língua deles. Enfim, eu sobrevivi, não é tão fácil quanto parecia, mas também não é impossível. Fiz um cursinho básico de mandarim na internet (http://portuguese.cri.cn/xhynew.htm), onde aprendi a dizer algumas palavras que se pronunciam assim, mas são escritas na língua deles: Ni Hao – OLÁ (eles usam como bom dia também) WO – eu Shi – ser Ni- você Baxi – Brasil Ren - pessoa Wo shi baxi ren – Eu sou brasileiro Wo de – meu Ni de – seu “pijo” – cerveja (um americano me ensinou essa ), não sei se é assim que se escreve wo de pijo – minha cerveja xie xie – obrigado Essas palavras, com exceção da cerveja que não sei como se escreve, estão escritas em pinyin. Pinyin é um método que os jesuítas encontraram para substituir os caracteres do mandarim para os caracteres romanos. É hoje o método usado oficialmente na República Popular da China para fazer essa transcrição. Cadhu Cardoso - Chegando lá, como fizeram para se sentir à vontade com a comida local? Até McDonald´s é complicado? Sentiram muita falta da comida brasileira? Qual o nome da moeda deles e qual a cotação dela em relação ao dólar ou ao real? Rafael Mazurek A comida é um pouco complicada, aconselho ir a lugares com menu em inglês para você ter certeza do que está comendo. O Mc chicken lá é uma droga, mas, o big mac é bom. Quem come comida chinesa aqui no Brasil consegue comer bem lá à base de yakissoba e um arroz muito bom que eles fazem. Existem restaurantes ocidentais, assim como existem restaurantes orientais aqui; são os únicos que oferecem garfo e faca (acho que foi o que sentimos mais falta). O yuan (moeda chinesa) é desvalorizado artificialmente para estimular as exportações. Para converter em real divida tudo por quatro!! Logo, 100 yuans equivalem a 25 reais! Um ticket de metrô é 3 yuans, uma corrida de táxi é 20 yuans e uma promoção no mc donald sai por 3 ou 4 reais!! Cadhu Cardoso: Que tipo de lembrança e ensinamento tiraram desta viagem? Rafael Mazurek: Lembrança é o que não falta. A China é muito diferente do Brasil, é um povo com mania de grandeza, tanto o novo quanto o velho. Tudo é suntuoso e imponente. Guardo na mente um povo desesperado com dinheiro, explorado e muito curioso. Guardo as avenidas largas e a imensidão da Muralha da China. Guardo os velhinhos sentados nos parques olhando para uma China que não existe mais. Aprendi que liberdade é algo que não tem preço e recordo disso toda vez que me lembro da Quinny, chinesa que foi nossa guia num passeio para o palácio de verão. Lembro da Quinny apontando para pinturas de 400 anos e dizendo revoltada que na revolução cultural (lançada em 1966 por Mao Tse Tung) tentaram queimar essas pinturas, tentaram apagar a história da china antiga. Cadhu Cardoso: De que forma viram, na prática, esta explosão econômica por que passa o país? (falem, por favor, das amplas avenidas no Centro da Cidade e que se assemelham à nossa Avenida Brasil) Vocês voltariam ou aconselhariam um amigo a ir à China? Rafael Mazurek: Pequim é um imenso canteiro de obras. Em todo canto da cidade existe uma grande obra, um imenso prédio a ser construído. A rua do nosso hotel, janguomen, era imensa e larga como a avenidade Brasil, todas a ruas principais da cidade eram assim. A cidade possui todas as grifes internacionais que se pode imaginar ( Adidas, Nike, Bally …) mas os preços não são tão mais baratos do que aqui no Brasil. Me disseram que em Hong Kong é que vale a pena. Esse link é bem legal e mostra o que já existe, o que está sendo construído e o que vai aparecer em Pequim: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=398697. Eu voltaria à China para conhecer Shangai, ver os guerreiros de Terracota em Xian e visitar o templo Shaolin de Kung Fu em Louyang. Existe muita coisa bonita na China que desconhecemos. Aconselharia visitar esse país, mas o valor da passagem e o tempo de viagem desestimulam. Cadhu Cardoso: Quais foram os fatos e as coisas mais atípicas em relação à nossa cultura que viveram ou viram por lá? Rafael Mazurek: Comer de palitinho, o vaso sanitário é um buraco no chão, a escrita deles é impossível de entender. Os chineses novos abordam turistas nas ruas e começam a falar em inglês para treinar. As crianças te olham como uma aberração e se aproximam curiosas como se você fosse o pato donald ou o mickey mouse. Eles comem escorpiões, cavalos marinhos, estrelas do mar, gafanhotos, besouros tudo no palitinho de churrasco. Cadhu Cardoso: Qual foi a emoção maior: Serem informados de que ganharam a promoção ou conhecerem a Muralha da China? Rafael Mazurek: Pergunta difícil. Acho que foi ganhar a promoção. A muralha da china é um lugar muito bonito, mas quando fiquei sabendo que em baixo dela havia um monte de corpos soterrados fiquei pensando nisso durante o passeio. Cadhu Cardoso: Por curiosidade, quem é, atualmente, estrela na China? Não venham me dizer que é o Ronaldinho Gaúcho! Rafael Mazurek: Na loja da Nike existem fotos e bonecos do Ronaldinho Gaúcho mas, o que faz sucesso na China é o basquete. Existe um jogador chinês chamado Yao Ming que joga na NBA que tem 2,29m de altura (eu acho), é o maior jogador da NBA 2007 e ídolo na China. Vi diversas quadras de basquete espalhadas por lá. Na música, eles são muito influenciados pelo Hip Hop americano. Hoje a China gosta de basquete e Hip Hop, pelo menos foi essa a sensação que tive. Estranho, não? Existe um cantor lá que é ídolo pop chamado Jay Chou e suas músicas tocavam toda hora. No youtube, se acha em http://br.youtube.com/watch?v=_w3yG_l_5Dc Cadhu Cardoso: Por fim, aí, na terra dos famosos pastéis chineses, o pastel é realmente bom ou faltava caldo de cana? Rafael Mazurek: Não vi nenhuma pastelaria por lá. Me falaram que os chineses que montam pastelaria aqui são de Cantão (uma cidade no sul da china que não conheci) Cadhu Caroso: Como se diz obrigado em Chinês? Rafael Mazurkek Xie Xie – Obrigado. Entao Rafael, Xie Xie. Quem quiser saber mais sobre a China, visite Blog do gilberto scofield – http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/ Foto(s) relacionada(s): Fotos Fantásticas e Surreais do Incrível Mundo Oriental Classificação: Deixe aqui seu comentário! - Recomende este artigo! « Voltar |
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